quinta-feira, 30 de maio de 2013

artigo de opinião


O QUE É ISSO DA CORRUPÇÃO?

A imagem abaixo colocada diz respeito a um panfleto editado por mim em 1993 e que durante cerca de uma década distribuí, a pé, na via pública, em muitas localidades do Norte do País, nas repetidas campanhas de “e...vangelização profilática”. No saco, a tiracolo, chegava a transportar, de uma só vez, mais de dois mil exemplares, quais “maços de notas”, tendo sido feitas, ao longo dos anos, várias reedições que atingiram perto de 600 mil exemplares. Algumas pessoas, que se me dirigiam, ficavam muito admiradas ao saberem que eu era católico, pois, é um facto, a esta atividade estavam ligados, quase única e exclusivamente, evangélicos ou testemunhas de Jeová, o que, deve reconhecer-se, reflete claramente a tibieza e o laxismo de muitos daqueles que dizem seguir a Igreja de Roma.

A mensagem que sobressai no fundo negro do ecrã é precisamente aquilo que Nossa Senhora disse, numa das suas aparições, a um dos jovens videntes de Medugorje. Hoje, é o santuário mariano mais frequentado do mundo, na Bósnia-Herzegovina, mas, anos atrás, fazia parte da ex-Jugoslávia, cujo regime comunista, numa demonstração clara das suas “amplas liberdades”, perseguia toda a manifestação de religiosidade mais viva e autêntica, embora não tão ferozmente como na antiga União Soviética: aqui, por exemplo, quem fosse apanhado com uma bíblia em casa, estava sujeito a ir passar mesmo umas “longas férias” num campo de concentração ou num daqueles famosos hospitais psiquiátricos...

Inseri aqui este panfleto porque hoje está muito na moda “o combate à corrupção”, propalado mesmo por aqueles que, hipocritamente, não hesitaram em votar a favor do crime abominável do aborto e do casamento gay, com a sobremesa iníqua ainda da coadoção de crianças. Na década de 90, não se falava assim em “corrupção” no nosso país e, portanto, o alarido atual representa, não só a sede de protagonismo, como um meio subtil de querer demonstrar às massas impreparadas, e anestesiadas pelas quadrilhas da TV, que esta “democracia” (falida) está atenta aos desmandos e pune os prevaricadores!

Obviamente, deve reconhecer-se coragem e mérito a algumas pessoas que, coerentemente, combatem a corrupção, mas é extremamente perigoso e totalmente infrutífero pensar que ela se resume quase apenas aos delitos de ordem económica. Na verdade, isso significa somente “a corrupção epidérmica”, pois esta é sempre consequência de uma outra, bem mais grave e profunda: a “corrupção essencial”, que não respeita valores eternos e universais e coloca o ser humano, por vezes, a um nível mais baixo do que o dos animais. Quer dizer, fala-se muito nos “corruptos”, mas ignora-se que existe um “corruptor”, mesmo muito peludo, cornudo e mal cheiroso. Não combatendo a “corrupção essencial”, a própria civilização corre sério risco de um rápido desaparecimento.

Alguns, é claro, farão aquela habitual pergunta tonta: Por que permite Deus tudo isto? A resposta é simples: Deus deu-nos também o dom da liberdade e a Sua decisão não se rege pelos nossos critérios meramente humanos. Mas uma coisa é certa: o Bem ou o Mal presentes no mundo correspondem, em cada momento, exatamente, ao modo como cada um de nós acolhe um e outro e se faz instrumento da sua vontade. Face ao que se vê por esse mundo fora, não é preciso ser muito inteligente para compreender quem vai dormindo e quem vai reinando.
Artigo de opinião de Rui Fernandes.
 
 

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