sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sousa Gomes e as Verdades

Sousa gomes e as verdades
Quero deixar neste espaço dois artigos publicados no jornal a Betânia do lima, artigos que me foram entregues pelo seu autor, digo também que comungo e partilho da mesma ideia, uma vez que também fui convidado para fazer parte da lista de angariação de verbas, para fazer um busto em memória do saudoso doutor Sousa Gomes.
No final destes artigos deixo alguns lamentos em relação ao trabalho feito, ou à falta dele, por esta junta de freguesia.

Para lembrar ou esquecer?
Dr. António Eduardo de Sousa Gomes, vindo do Porto, abriu consultório médico, há muitos anos atrás nesta freguesia de Santa Marta. Depressa se afeiçoou a esta gente e a sua fama de bom médico, espalhou-se pela freguesia e fora dela. De Viana e das freguesias vizinhas, muita gente o vinha consultar. Muito dedicado aos doentes, a todos sabia acolher, fossem ricos ou pobres. Vou contar um caso - e talvez não o único - que se passou comigo. Em Janeiro de 1958, achei-me doente e resolvi consultá-lo. Depois duma consulta demorada e minuciosa, entregou-me a receita, pela qual me apercebi que a minha doença era grave. Muito confuso, olhei-o e disse-lhe: que vai ser da minha mulher e dos meus quatro filhos? A este meu desabafo, ele, de pé, muito calmo, respondeu-me: «Eu quero salvar-te, rapaz»!
A estas palavras e devido ao meu estado frágil, desmaiei e, ele atento, prontamente me agarrou e estendeu-me no tapete. Pedindo ajuda aos que estavam à espera de vez e enquanto preparava uma seringa para me dar uma injecção, eu reanimei a tempo de ouvir dar esta ordem à criada; «Vai dizer à D. Maria Júlia que conte com mais um prato na mesa».
Apercebi-me que era para mim e fui-lhe dizendo que ia comer a casa. Ele insistindo, disse: «Você já não sai daqui sem comer comigo». Como eu insistia a dizer que não comia, perguntou-me donde era. Eu disse que era de Santa Marta e de quem era e, ele mais uma vez insistiu dizendo: «agora tenho mais razão para não o deixar sair». Mas eu teimei e consegui sair.
Admirei este gesto de solidariedade para com um doente que em princípio não conhecia. Mais ainda foi tão solidário comigo que, sempre que o consultava nunca quis dinheiro, recomendando que o juntasse para pagar radiogramas, pois iam ser precisas para controlar a doença. Solidário com os mais pobres, oferecia as amostras (remédios) a quem delas precisasse.
Só por isso já merecia um busto. Mas ele foi mais além. Habituado a esta gente e porque amava esta terra, criou o Rancho das Lavradeiras de Santa Marta de Portuzelo, apresentando-o em público no dia 4 de Junho de 1940, na terra berço da nossa Nacionalidade. Mais tarde deu-lhe o nome de Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, que tanto nome e prestígio deu e trouxe à nossa freguesia, a Viana e ao país inteiro, mostrando em terras estrangeiras, os nossos usos, costumes, danças e cantares da nossa gente. Foi o impulsionador dos grandes Festivais Internacionais de Folclore, trazendo-nos a visitar pessoas de outras nações. Isto fez dele um Homem ímpar no Folclore do Alto Minho sendo falado e admirado por muitos, como grande folclorista. Elevou as Festas de Santa Marta e criou a festa a Santo Isidro, as chamadas Festas das Colheitas, realizadas em Setembro, que viriam a desaparecer.
Muito mais fez por Santa Marta, até ao ponto de querer ficar aqui sepultado com a família.

2º Artigo publicado no mesmo Jornal.
Tudo parece ficar na mesma!
Penso que todos ou quase todos os leitores se lembram do meu artigo intitulado «Para lembrar ou esquecer?», publicado no jornal paroquial «Betânia do Lima» em Março de 1999, sobre o Dr. António Eduardo de Sousa Gomes. o artigo foi bem acolhido, se não por todos, na maioria dos santamartenses.
Foram muitos, homens e mulheres, os que me felicitaram e deram razão ao que escrevi. Muitas dessas pessoas, contaram casos como o meu, uns de menor, outros de maior relevância, conforme a doença ou a pobreza. Cada caso é um caso. O mesmo artigo mereceu a atenção da Junta de Freguesia que o transcreveu na íntegra no seu Boletim Informativo, número 3, de Agosto do mesmo ano.
A resposta que o Sr. Adriano Antunes deu ao que escrevi e ao transcrito pela Junta de Freguesia, no seu artigo publicado no mesmo Boletim informativo n°4, de Janeiro do ano 2000, veio reafirmar o que eu tinha escrito, dizendo algo mais do Homem em causa. Deu-me a certeza de que não estava só, mas que havia alguém mais a pensar como eu.
Pareceu-me ter chegado a hora da merecida e justa homenagem do povo desta freguesia, ao Homem que tudo fez para que o nome de Santa Marta de Portuzelo fosse mais conhecido e respeitado, quer no País, quer no estrangeiro. Recordo, entre outras, estas afirmações do Sr. Adriano Antunes: «Para lembrar sim. Esquecer, nunca». E mais adiante: «Estou pronto para formar uma comissão angariadora de fundos para um merecido busto ao nosso querido e saudoso Dr. Sousa Gomes».
Depois destas publicações, foi consultada a Junta de Freguesia concordando e apoiando a ideia de ser formada a comissão. A mesma se formou em 6 lugares da freguesia, ficando de fora um só lugar.
Passando algum tempo, a Junta de Freguesia foi informada, ficando esta de saber quais os custos da obra e só depois, a tal comissão actuaria. Os dias e os meses foram passando e até hoje não sabemos que "vírus" atacou, pois tudo parece ficar na mesma.
A pedra tumular foi "removida", mas voltou - assim o parece - a ser reposta no lugar, escondendo na penumbra do esquecimento o Homem sabido em folclore. Ele soube mostrar, aqui e além-fronteiras, a nossa cultura através da beleza do nosso traje, usos e costumes do nosso povo.
Médico dedicado, solidarizava-se com o rico e com o pobre, para quem estava sempre disponível.
Lembro o painel de azulejo que estava cravado na parede junto à entrada do consultório com esta quadra:
«Tem minha casa um brasão
Dentre todos o mais nobre
Receber sem distinção
Tanto o rico como o pobre»

Isto basta para realçar o que foi dito por mim e pelo Sr. Adriano Antunes nos artigos atrás publicados.
O conteúdo desta quadra mostra bem quem era o Dr. Sousa Gomes.
Homem simples, mas inteligente e solidário com todos.
Sabemos que tudo se paga caro, mas se não é possível o “Busto”, é possível fazer-se uma placa, onde fique bem gravado o seu nome e a sua obra, para que a gente futura o conheça como nós o lembramos ainda agora. Com certeza que a Junta de Freguesia verá o que pode e deve fazer, contando com o apoio penso eu, não só daqueles que precisaram dele, mas de quantos viram no Dr. Sousa Gomes um Homem benevolente.
Ao fazer-se a homenagem, criando um "Busto" ao Dr. Sousa Gomes, estamos também a homenagear o nosso Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo e o seu Director actual, Sr. Abílio Costa, que tão devotamente tem sabido manter, com dedicação e brio, uma caminhada cheia de êxitos, saindo prestigiado o bom nome da nossa terra, tanto no país como no estrangeiro.
Esse é mais um motivo a ter em consideração. A homenagem a ser feita sirva também de modelo para que o mesmo seja feito àqueles que durante a vida não pouparam esforços e sacrifícios pelo progresso da nossa freguesia.
Assim, o bom nome da nossa aldeia não perderá o prestígio granjeado ao longo dos anos.
J. A. Novo
Artigo publicado no jornal paroquial «Betânia do Lima» em Outubro de 2001 na página 4.

Estamos a oito meses do final do mandato e já se começam a ver algumas movimentações na nossa freguesia, por parte do poder instalado.
Era isto que eu temia quando estavamos ainda a meio do mandato, que no final do mesmo a nossa junta fizesse aquilo a que nos vem habituando nos últimos mandatos.
Temo que se façam obras de fim de mandato que prejudiquem o futuro, relembrando as obras do Cruzeiro, feitas "em cima do joelho" e sem qualquer planeamento. Se existisse um projecto pensado para o futuro, e não para as eleições, teriamos agora uma obra de que nos orgulhariamos. nas eleições seguintes foi a vez da rua Doutor Sousa Gomes, onde os passeios poderiam ter ficado mais largos e com menos candeeiros. Pois estas coisas acontecem pela falta de um plano bem pensado, á medida da freguesia, e que nunca existiu.
Mas o que foi feito nos outros mandatos lá vai, agora o que me causa alguma estranheza, é ouvir em todas as Assembleias de freguesia que a carrinha não fazia falta. No entanto na campanha do PSD foi prometida não uma, mas duas carrinhas que seriam colocadas ao serviço da freguesia e das colectividades.
Para meu espanto, na última Assembleia, uma senhora do público disse ao senhor presidente que a carrinha agora tinha que vir. O Senhor Presidente disse-lhe que tinha a verba dela no banco, e que seria para a comprar.
Mas também vai haver obras no Cemitério, e no final ainda vamos ouvir louvores á junta, saiba-se lá porquê.
A junta de freguesia está a podar as árvores do Souto de Santa Marta, assim como as do centro cívico. Entendo que esta poda deveria ter sido feita há alguns anos, para que as árvores fossem educadas, o que deveria ser aplicado também a todas as árvores plantadas nos loteamentos da freguesia e entregues á junta.
O arranjo do espaço do antigo quiosque foi, certamente, deixado para o fim deste mandato, mas vamos ver se será arranjado até lá.
Caros Santamartenses, eu não fui enganado, como é óbvio eu não votei neste executivo, com o seu programa eleitoral demasiado ambicioso para ser verdade. Eu não prometi aquilo que não podia cumprir, não menti aos meus eleitores, mas estou convencido de que os Políticos, para chegarem ao poder mentem muito. Eu não estou arrependido em ter falado a verdade a todos os Santamartenses.
Pergunto mais uma coisa, de que valeu o currículo deles? O que fizeram pela freguesia os engenheiros, os enfermeiros, os professores, os catequistas? Afinal tanta tecnologia, e não se viu nada feito, a não ser para encher o livro dos cem.


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